sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jodi Picoult

"Para a Minha Irmã"



Opinião: 

Ontem acabei de ler Para a Minha Irmã, de Jodi Picoult. Há muito tempo que ouvia falar desta autora, conhecida por abordar temas controversos e sensíveis. Por esse mesmo motivo tive sempre muita resistência em ler as suas obras. Acho que a vida, por vezes, já é dura o suficiente para andarmos a ler coisas tristes e depressivas.

De facto, quando fechei o livro depois de ler a última palavra fiquei meio abananada. Os livros da Jodi não nos deixam indiferentes. É impossível não nos colocarmos na pele das personagens, sofrendo, rindo e chorando com elas. Não costumo chorar com livros. É raro acontecer. Mas ontem, ao chegar ao final, senti os olhos a arder. Como estava nos transportes a caminho de casa tive de controlar a angústia que sentia, embora a cabeça parecesse girar com mil e uma questões que iam surgindo na minha mente. A conclusão a que chegou após terminar Para a Minha Irmã é uma das premissas que regem a minha vida: “o que tiver de ser, ser”, no matter what...

O livro conta-nos a história da família Fitzgerald. A Kate é a filha mais velha do casal e a quem diagnosticaram uma espécie rara de leucemia quando tinha apenas 2 anos. Desde então, a vida desta rapariga centra-se em tratamentos e internamentos no hospital. Com receio de perderem a filha, por nem eles nem o seu filho mais novo serem dadores de medula compatíveis com Kate, Brian e Sara decidem ter um novo bebé. Nasce então Anna.

Anna sempre soube que foi criada de modo a ser geneticamente compatível com Kate e poder tornar-se sua dadora, salvando assim a sua vida. O problema é que, com o passar dos anos a leucemia parece estar a ganhar a batalha da vida. As doações de medula não ser suficientes para salvar Kate e o seu estado de saúde agrava-se bastante. E a única luz ao fundo do túnel seria Anna doar-lhe um rim.

Mas… E se a Anna se recusasse ser submetida a mais um procedimento médico para salvar a sua irmã, coisa que tem feito desde que nasceu? Afinal também tem direito ao seu corpo e a não ter de sacrificar a sua saúde em benefício de uma irmã que poderá morrer de qualquer forma de leucemia. Será que esta decisão é justa? A escolha de Anna é moral e eticamente aceitável? A partir daqui, Anna procura um advogado para fazer valer os seus direitos em tribunal e emancipar-se medicamente da sua família. Claro que esta tomada de posição face à doença de Kate torna a vida desta família um caos ainda maior. Caos esse que se vai destrinçando páginas a fora, até chegar a seu desfecho.

Após esta primeira intensa experiência com um livro de Jodi Picoult tenho de reconhecer quer a sua habilidade para criar um argumento sólido e bem construído sobre um tema absolutamente controverso, quer a investigação profunda que se percebe que foi feita. A escrita é fluída, mantém o interesse constantemente na acção e o tema é pertinente.

Contudo, não posso dizer que tenha ficado da autora e das suas “histórias”. A sua densidade emocional é brutal. Mas são sem dúvida livros para quem gosta de emoções fortes.



3 ***


Sinopse:


Os Fitzgerald são uma família como tantas outras e têm dois filhos, Jesse e Kate. Quando Kate chega aos dois anos de idade é-lhe diagnosticada uma forma grave de leucemia. Os pais resolvem então ter outro bebé, Anna, geneticamente seleccionada para ser uma dadora perfeitamente compatível para a irmã. Desde o nascimento até à adolescência, Anna tem de sofrer inúmeros tratamentos médicos, invasivos e perigosos, para fornecer sangue, medula óssea e outros tecidos para salvar a vida da irmã mais velha. Toda a família sofre com a doença de Kate. Agora, ela precisa de um rim e Anna resolve instaurar um processo legal para requerer a emancipação médica - ela quer ter direito a tomar decisões sobre o seu próprio corpo.
Sara, a mãe, é advogada e resolve representar a filha mais velha neste julgamento. Em Para a Minha Irmã muitas questões complexas são levantadas: Anna tem obrigação de arriscar a própria vida para salvar a irmã? Os pais têm o direito de tomar decisões quanto ao papel de dadora de Anna? Conseguimos distinguir a ténue fronteira entre o que é legal e o que é ético nesta situação? A narrativa muda de personagem para personagem de modo que o leitor pode escutar as vozes dos diferentes membros da família, assim como do advogado e da tutora ad litem, destacada pelo tribunal para representar Anna.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A Árvore dos Segredos

Opinião:

Há livros que nos provocam alguma angústia ou tristeza depois de os lermos. Há outros que não deixam marcas e nos passam ao lado. Parece que até nos esquecemos que os lemos. Outros há que nos deixam felizes e bem-dispostos por serem capazes de nos arrancar umas boas gargalhadas. E há outros que nos deixam uma marca indelével e que nos enternecem profundamente... Ainda que não saibamos explicar bem porquê. Este livro foi um desses!

A narrativa começa por nos levar até ao calor sufocante das pampas argentinas, onde se situa o rancho da família Solanas. Na fazenda residem os vários membros desta extensa família.

A protagonista da história é Sofia Solanas, uma rapariga irreverente, alegre e voluntariosa. Sofia tem uma relação muito peculiar com a sua mãe, estando sempre a postos para a contrariar no que quer que seja. Essa relação azeda a partir do momento em que a sua mãe se apercebe que ela vive um romance arrebatador com o seu primo Paco. Preocupada com o escândalo que o namoro poderá provocar no seio da família, Sofia é enviada para a Europa, onde estará longe quer de Paco quer da sua prima e melhor amiga Maria.

E será a milhares de quilómetros de distância e de coração partido que Sofia irá refazer a sua vida. Após a rejeição da sua família, Sofia esquece que alguma vez pertenceu à família Solanas. Até que um dia recebe uma carta em nome da sua prima Maria que lhe pede para voltar. E é então que todos os segredos e desentendimentos ressurgem.


Este livro foi-me aconselhado por uma tia que adoro e que, tal como eu, é doida por livros e os devora me menos de nada. Na altura em que ela me falou do livro fiquei entusiasmada e com vontade de o ler. Contudo, como o livro não era dela não o pude trazer comigo, embora tenha sempre ficado com o nome da autora na cabeça, qual reminder para um dia mais tarde comprar e ler. Acabei por comprar o livro mas deixei-o a marinar na minha estante durante bastante tempo antes de me decidir a lê-lo. Quando finalmente me decidi a fazê-lo, perguntei-me como pude esperar tanto tempo para ler aquele que foi para mim o melhor livro que li em 2012.

Com este livro ri, chorei, torci pela protagonista, sofri com ela e emocionei-me. Adorei todas as personagens, mesmo aquelas que me enraiveceram, pois estão muito bem construídas e deixaram-me imensas saudades. Um livro que irei reler, com certeza!

5 *****


Sinopse:

Autor: Santa Montefiore - Páginas: 544 - Editora: Bertrand Editora

Um amor proibido nas Pampas argentinas. Numa apaixonante paisagem onde o Sol se põe em tons de fogo, a escritora inglesa Santa Montefiore escreve um épico de amor, desilusão e segundas oportunidades. No rancho de Santa Catalina, os irmãos Solanas vivem e crescem juntos. Quando Paco se apaixona por uma irlandesa, Anna Melody, tudo muda na família. A filha de ambos, Sofia, que cresceu à sombra do ombú na quente planície, vive um amor proibido que a obriga a deixar a terra que sempre amou. Uma saga familiar que nos leva de Inglaterra à Argentina, numa cuidada narrativa de emoções fortes com um inigualável odor a gardénias...


A Virgem Cigana



 

Opinião:

 
Não há nada como ler um livro que para além de ter uma história que nos encanta ainda nos ensina uma lição de vida. É gratificante saber que aquela história tem uma determinada moral e que não se cinge apenas a um enredo envolto em seda e purpurinas. Que o livro tem uma mensagem para nos transmitir e que vamos retirar uma conclusão após a sua leitura.


Esta é a ideia com que fico após ter terminado a leitura de mais um livro desta autora. Santa Montefiore não resiste em deixar-nos uma mensagem em cada romance que escreve. Este livro não é excepção.
Ao longo destas deliciosas páginas, que li avidamente, conhecemos a vida de Mischa e da sua mãe, Anouk. Mischa nasceu em Bórdeus há seis anos. Mais precisamente há seis anos e três quartos e tem uma peculiaridade: é mudo. Contudo, a sua mudez é sintoma de um trauma do seu passado e de uma grande injustiça que sofreu, juntamente com Anouk, por parte dos habitantes da aldeia de Maurilliac. Esse incidente condiciona de forma inevitável a vida deste rapaz, fazendo com que este não tenha amigos da sua idade e que as pessoas o olhem com ódio, rancor e desprezo. Daí que as pessoas de que gosta e que gostam dele tenham um lugar especial no seu doce coração.
Num dia de vento surge um americano, na aldeia, conhecido como Coiote, que decide hospedar-se no château em que Anouk trabalha. E a partir daí a vida destas 3 personagens muda por completo. Os três mudam-se para os E.U.A. onde irão iniciar uma nova vida, longe dos preconceitos dos habitantes daquela pequena localidade francesa.
Coiote representa tudo para Anouk e Mischa. Os dois depositam todo o seu amor, esperança e desejo de serem felizes neste homem. E, durante os primeiros anos, a felicidade polvilha a vida de todos eles.
Todavia, sem nada o fazer prever, um dia Coiote sai de casa e não volta mais. Nesse momento, o mundo de Mischa, bem como tudo aquilo em que ele acredita, começa irremediavelmente a ruir.
Os anos vão passando mas a amargura de Mischa acentua-se com o passar do tempo. E o que este livro nos ensina ao longo do percurso deste protagonista é que não vale a pena termos mágoas relacionadas com o nosso passado. Não vale a pena termos esqueletos no armário, porque isso só nos torna pessoas tristes, amarguradas e infelizes. É importante resolvermos bem os nossos traumas, os nossos pequenos (ou grandes) dramas do dia-a-dia para podermos viver de forma plena.
Outro dos ensinamentos que recebi com a leitura deste livro é que todos nós somos falíveis e cometemos erros dos quais nos arrependemos mais tarde. Por isso, devemos estar abertos a ouvir os outros, tentar compreendê-los e, sobretudo, perdoá-los. Embora esta última parte nem sempre seja fácil.
Enfim! Posso dizer que, mesmo sendo apenas o 2º livro da Santa Montefiore que leio, estou rendida à sua escrita. É certamente uma autora a seguir!
 


 4 ****
 

Sinopse:

Autora: Santa Montefiore - N.º de Páginas: 348 - Editora: Bertrand



Um dia o vento traz-lhe Coyote, um americano, e a sua vida muda radicalmente. Deixando a França para trás, Mischa reencontra a felicidade ao lado da mãe e de Coyote numa pequena cidade americana. No entanto, e tal como aconteceu com o seu pai, o padrasto também desaparece de repente sem uma palavra.

Já adulto, Mischa vive atormentado por estas cicatrizes. Quando a sua mãe, ao morrer, entrega a um museu A Virgem Cigana, um célebre quadro de Ticiano cuja existência Mischa desconhecia por completo, este decide então regressar a França para fazer as pazes com o seu passado e descobrir a verdade sobre a origem do quadro, por mais dolorosa que esta possa ser.


Mischa conhece bem a sensação de abandono. O seu pai alemão desapareceu no final da guerra, deixando-o a ele e sua à mãe entregues ao ódio e ao desprezo dos outros habitantes da vila francesa.


domingo, 11 de agosto de 2013

Estrela Cativa

Autora: Nora Roberts
N.º de Páginas: 286
Editora: Harlequin

Confusão a dobrar







Opinião:



Eis a continuação da trilogia “As Estrelas de Mithra”. Neste 2º volume conhecemos M. J. O’Leary, uma das melhores amigas de Bailey James (que conhecemos no 1º volume), uma mulher destemida, batalhadora e que não tem medo de dizer e fazer o que pensa.

Quando vê a sua casa invadida por um desconhecido que tenta à força algemá-la, fica completamente fora de si e não se rende facilmente. Apesar de perceber que aquela mulher é um osso duro de roer, Jack Dakota não desiste, pois trata-se de um caçador de recompensas e não quer abdicar do seu prémio.
Mas as coisas não se adivinham tão simples como parecem inicialmente e ambos apercebem-se de que estão metidos numa grande confusão. Juntos vão tentar descobrir quem lhes armou a cilada e tentar destrinçar o novelo de lã em que estão enredados.
Este 2º volume agradou-me mais que o 1º, embora não morra de amores pela trilogia. Mas posso afirmar que as personagens são mais consistentes e que a história é irrequieta, pois os protagonistas não param um minuto sossegados.
Em breve lerei o 3º volume para saber como termina a trilogia.



3 ***
 
 

Sinopse:


Tudo indicava que aquela sedutora e ardilosa mulher não era assim tão inocente… tudo excepto o seu coração cativo. Deveria ser uma tarefa fácil…
A única coisa que tinha de fazer era apanhar uma mulher bonita que violara a liberdade condicional e que nem sequer se incomodava em esconder-se.
 
Mas o cínico caça-recompensas Jack Dakota descobriria muito em breve que com M.J. O’Leary nada seria fácil... e este caso também não. Alguém lhes prepara uma armadilha. 
 
De repente, encontravam-se algemados um ao outro e tinham dois assassinos a soldo no seu encalço. Como se isso não bastasse, M.J. recusava-se a falar, inclusive depois de Jack encontrar um gigantesco diamante azul na sua mala.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Uma Casa de Família

Um livro que não cabe em palavras

 

Autora: Natasha Solomons
N.º de Páginas: 416
Editora: Asa

 

 

Opinião:

Depois de umas férias de 2 semanas que me pareceram ter durado um mês (felizmente!) terminei mais um livrinho da minha extensa estante. Todos os anos, quando chega a altura das minhas férias do Verão fico toda entusiasmada, a pensar que livros levar comigo para me entreter e ter umas férias ainda melhores.

No entanto, deparo-me sempre com as mesmas dificuldades:
1. Que género de livro levar;
2. Quantos livros levar;
3. Levar livros de géneros diferentes;
4. Levar livros que tenha vontade de ler naquele momento.
E, apesar de passar longos minutos a olhar para as prateleiras, tenho sempre as mesmas indecisões. E pior, no final das férias tenho sempre o mesmo resultado, leio apenas um dos livros que levo e na maioria das vezes nem o consigo acabar. Apesar de saber que esta situação se repete irremediavelmente todos os anos, continuo a insistir em ir carregada. Nem sei bem porquê… E como se não bastasse a falta de vontade o “falta de tempo para ler”, os livros que leio nesse período não têm, em mim, o mesmo impacto que teriam se fossem lidos noutro momento do ano.
Acabadas as férias consegui acabar a leitura de Uma Casa de Família. Este é um livro passado durante a 2ª Guerra Mundial, tema que muito me apraz e que fez com que a minha vontade de o ler aumentasse exponencialmente.
Começo por elogiar a escritora por se ter baseado em pessoas e em locais reais para escrever esta bonita história. A história é rica em emoções. Houve momentos em que chorei com Elise (a protagonista desta história), momentos em que me revoltei, momento em que me diverti a valer e momentos em que passeámos e rimos juntas. Natasha Solomons tem mestria com as palavras e tem o dom nos colocar na pele das personagens e transportar para dentro da história.
Adorei a doce Elise, o alegre Kit, o galante Sr. Rivers, o eficiente Sr. Wreham bem como a sisuda Sr.ª Ellsworth. As paisagens são de sonho e a vontade que temos é de vaguear por aquele sítio idílico. É uma pena que a verdadeira aldeia de Tyneham tenha parado no tempo da Guerra e esteja ao abandono desde 1943.
Este é livro que não cabe em palavras e merece com toda a certeza ser lido. Só tenho pena de não o ter apreciado melhor durante as férias.

 

4 ****
 Sinopse:
 


Na primavera de 1938, a ameaça nazi paira sobre a Europa. 


Em Viena, a família Landau vê desaparecer muitos dos seus amigos e teme pela sua segurança. Decidem fugir do país mas não poderão partir juntos. Elise, a filha mais nova, é enviada para Inglaterra, onde a espera um emprego como criada de uma família aristocrática. É a única forma de garantir a sua segurança. Para trás deixa uma vida privilegiada. 



Em Tyneford, ela tenta encontrar o seu lugar na rígida hierarquia da casa. É agora uma das criadas, mas nunca antes trabalhou. Tem a educação e os hábitos da classe alta, mas não pertence à aristocracia. Enquanto areia as pratas e prepara as lareiras, usa as magníficas pérolas da mãe por baixo do uniforme. Sabe que deve limitar-se a servir, mas não consegue evitar o escândalo ao dançar com Kit, o filho do dono da casa. Juntos vão desafiar as convenções da severa aristocracia inglesa numa história de amor que tocará todos os que os rodeiam. 



Em Tyneford, ela vai aprender que é possível ser mais do que uma pessoa. Viver mais do que uma vida. Amar mais do que uma vez.