
Opinião:
Não há nada como ler um livro que
para além de ter uma história que nos encanta ainda nos ensina uma lição de
vida. É gratificante saber que aquela história tem uma determinada moral e que
não se cinge apenas a um enredo envolto em seda e purpurinas. Que o livro tem
uma mensagem para nos transmitir e que vamos retirar uma conclusão após a sua
leitura.
Esta é a ideia com que fico após
ter terminado a leitura de mais um livro desta autora. Santa Montefiore não
resiste em deixar-nos uma mensagem em cada romance que escreve. Este livro não
é excepção.
Ao longo destas deliciosas
páginas, que li avidamente, conhecemos a vida de Mischa e da sua mãe, Anouk.
Mischa nasceu em Bórdeus há seis anos. Mais precisamente há seis anos e três
quartos e tem uma peculiaridade: é mudo. Contudo, a sua mudez é sintoma de um
trauma do seu passado e de uma grande injustiça que sofreu, juntamente com Anouk,
por parte dos habitantes da aldeia de Maurilliac. Esse incidente condiciona de
forma inevitável a vida deste rapaz, fazendo com que este não tenha amigos da
sua idade e que as pessoas o olhem com ódio, rancor e desprezo. Daí que as
pessoas de que gosta e que gostam dele tenham um lugar especial no seu doce
coração.
Num dia de vento surge um
americano, na aldeia, conhecido como Coiote, que decide hospedar-se no château em que Anouk trabalha. E a
partir daí a vida destas 3 personagens muda por completo. Os três mudam-se para
os E.U.A. onde irão iniciar uma nova vida, longe dos preconceitos dos
habitantes daquela pequena localidade francesa.
Coiote representa tudo para Anouk
e Mischa. Os dois depositam todo o seu amor, esperança e desejo de serem
felizes neste homem. E, durante os primeiros anos, a felicidade polvilha a vida
de todos eles.
Todavia, sem nada o fazer prever,
um dia Coiote sai de casa e não volta mais. Nesse momento, o mundo de Mischa,
bem como tudo aquilo em que ele acredita, começa irremediavelmente a ruir.
Os anos vão passando mas a
amargura de Mischa acentua-se com o passar do tempo. E o que este livro nos
ensina ao longo do percurso deste protagonista é que não vale a pena termos
mágoas relacionadas com o nosso passado. Não vale a pena termos esqueletos no
armário, porque isso só nos torna pessoas tristes, amarguradas e infelizes. É
importante resolvermos bem os nossos traumas, os nossos pequenos (ou grandes)
dramas do dia-a-dia para podermos viver de forma plena.
Outro dos ensinamentos que recebi
com a leitura deste livro é que todos nós somos falíveis e cometemos erros dos
quais nos arrependemos mais tarde. Por isso, devemos estar abertos a ouvir os
outros, tentar compreendê-los e, sobretudo, perdoá-los. Embora esta última
parte nem sempre seja fácil.
Enfim! Posso dizer que, mesmo
sendo apenas o 2º livro da Santa Montefiore que leio, estou rendida à sua
escrita. É certamente uma autora a seguir!
4
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Sinopse:
Autora: Santa Montefiore - N.º de Páginas: 348 - Editora: Bertrand
Um dia o vento traz-lhe Coyote, um americano, e
a sua vida muda radicalmente. Deixando a França para trás, Mischa reencontra a
felicidade ao lado da mãe e de Coyote numa pequena cidade americana. No
entanto, e tal como aconteceu com o seu pai, o padrasto também desaparece de
repente sem uma palavra.
Já adulto, Mischa vive atormentado por estas
cicatrizes. Quando a sua mãe, ao morrer, entrega a um museu A
Virgem Cigana, um célebre quadro de Ticiano cuja existência Mischa
desconhecia por completo, este decide então regressar a França para fazer as
pazes com o seu passado e descobrir a verdade sobre a origem do quadro, por
mais dolorosa que esta possa ser.
Mischa conhece bem a
sensação de abandono. O seu pai alemão desapareceu no final da guerra,
deixando-o a ele e sua à mãe entregues ao ódio e ao desprezo dos outros
habitantes da vila francesa.
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