domingo, 24 de março de 2013

Marina Fiorato

A Virgem das Amêndoas


Autora: Marina Fiorato
Páginas: 288
Editor: Porto Editora


Opinião:
Ao lançar-me para este livro ia com expectativas bastante elevadas. Já tinha visto comentários altamente positivos tecidos por quem já tinha o tinha lido. Quando assim é, acabo por começar a ler os livros a medo… Tenho receio de perceber que criei uma aura mística à volta daquela obra e que afinal não tinha razão de ser.

Por outro lado, às vezes descubro autênticos tesouros, que guardo com imenso carinho na minha memória, e fico a conhecer novos autores cujos livros são verdadeiras preciosidades.

Ao mergulhar na história d’ “A Virgem das Amêndoas” estava efectivamente com receio de me desiludir. É muito triste, para quem gosta de ler, saber que gastou dinheiro num livro que não lhe diz nada e cuja história fica aquém das expectativas que criou. Seja porque a sinopse não corresponde às promessas que fazia, seja porque os comentários de quem já leu o livro eram positivos e indiciavam tratar-se de uma boa história. Mas, a meu ver, Marina Fiorato superou o desafio a que se propôs. A história é de facto fantástica e sustentada por uma boa pesquisa da época que retrata.

Trata-se de um romance histórico ambientado no início da época Renascentista, em que a pintura era uma arte em voga e os grandes mestres eram contratados para rechearem as paredes das igrejas de frescos religiosos. A história é protagonizada por Simonetta di Saronno, uma mulher da nobreza que vivia com o seu marido, Lorenzo, numa villa onde existiam várias amendoeiras. Quando o seu marido morre em combate às mãos do inimigo, Simonetta vê-se forçada a administrar a propriedade sozinha. Habituada às mordomias do seu estatuto, não sabe como lidar com os assuntos mais corriqueiros do dia-a-dia. Contudo, rapidamente percebe que não tem alternativa. Sobretudo depois de perceber que o seu amado falecido marido gastou toda a fortuna em cavalos e armamento de guerra.

Sem ter qualquer meio de subsistência Simonetta sente-se perdida e desnorteada. Ao saber da existência de um judeu a quem chamam Manodorata, que ajuda os mais necessitados que não têm medo de ser castigados por Deus, por não estarem a seguir os desígnios de Roma, não hesita e procura-o. Mas tudo tem um preço. Antes de se decidir a ajudá-la, o judeu obriga-a a descobrir um modo de fazer dinheiro por si própria, mesmo após ela se ter despojado de todos os seus bens terrenos. A única coisa de que Simonetta não se consegue desfazer é da sua villa, onde viveu momentos de grande felicidade.

Simonetta procura então Bernardino Luini, um talentoso pintor (discípulo de da Vinci) e aceita a oferta que este lhe tinha feito mas que ela tinha repudiado: deixar-se pintar  nos frescos da igreja do Santuário de Santa Maria dei Miracolli em troca de dinheiro. Embora inicialmente se mostre relutante em criar qualquer tipo de empatia com Bernardino, a atracção entre os dois é evidente. Porém, Simonetta tenta camuflar os seus sentimentos e tenta esquecê-lo. Simplesmente não consegue compreender como é que se pode sentir atraída por outro homem quando o seu marido faleceu há pouco tempo e deveria manter-se, o resto da vida, concentrada no seu papel de viúva. Contudo, os canônes da igreja católica não vêem com bons olhos a sua amizade com um judeu nem com Bernardino.

A vida, no entanto, dá muitas voltas e Simonetta acaba por ter de fazer escolhas que nunca imaginaria, que resultam no seu amadurecimento enquanto mulher.

Esta é uma história em que valores como a amizade, a lealdade e a abnegação imperam. É delicioso ver como as personagens se reconstroem a si mesmas após as várias provações por que passam e se encontram consigo próprias, descobrindo facetas que desconheciam. Não deixem de ler este livro. É absolutamente divinal!


5 *****


Sinopse:
Na Itália do século XVI, o jovem pintor Bernardino Luini, discípulo favorito do mestre Leonardo da Vinci, é encarregado de pintar um fresco religioso na igreja de Saronno, uma pequena localidade nas colinas da Lombardia. Ao entrar na igreja, a sua atenção é captada pela beleza e pela melancolia da jovem Simonetta, viúva de um poderoso senhor feudal morto em combate.

Sozinha e a ver a sua fortuna desaparecer até não restar nada mais a não ser as amendoeiras da sua villa, Simonetta acede a posar como modelo para Luini, que a imortalizará para sempre nos frescos da igreja como a Virgem di Saronno. À medida que o trabalho progride, artista e modelo apaixonam-se, selando o sentimento com um beijo que escandalizará a Igreja.
À genialidade com que Bernardino imortalizará a sua musa, Simonetta retribui com a criação da sua própria obra de arte: um licor especial fabricado com o fruto das suas amendoeiras. O licor ficará conhecido, até aos dias de hoje, como o famoso Amaretto di Saronno.
Contudo, antes de ambos completarem as suas obras, a relação é fortemente abalada por um acontecimento que porá em perigo aquele amor. E as suas vidas.
Uma inesquecível história de paixão e arte que se desenrola tendo como pano de fundo uma Itália Renascentista, onde a intriga, os escândalos, a guerra e a intolerância religiosa imperavam no dia a dia.




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